Reencontro
Começo adentrando o Cerrado mineiro. Aprecio sua vegetação com árvores tortuosas e formações campestres.
Quente. Sinto o calor do sol na pele. Quente e agradável.
Uma brisa suave sussurra o silêncio em meus ouvidos.
Respiro fundo. Sinto o ar puro encher meus pulmões e aliviar meus pensamentos que pesam como âncora.
Paro. Observo. E contemplo toda a riqueza de detalhes ao meu redor.
A composição das cores da Tua criação me encanta.
O vento, que sopra o cume das árvores, faz as folhas dançarem conforme Tua coreografia.
O formato das montanhas segue linhas que somente Tua mente é capaz de planejar. A textura da relva traz a sensação de que tudo está vivo, e realmente está. Mais vivo do que eu.
A terra vermelha dá cor à estrada e o pó que se forma enevoua o ar. O mato tingido com o pó vermelho da terra sufoca-se na vermelhidão do barro. Contemplar Tua criação me traz paz, me leva para mais perto de Ti. Pra mais próximo daquela que eu deveria ser.
Entro no Rio São Francisco. No Velho Chico, o gélido da água choca-se com o quente do sol, mas a sensação é perfeita. Anestesia minha pele. Minha mente. Minha alma. O Paredão da Canastra ergue-se diante de mim, como um gigante que desperta de um longo cochilo. As águas da Casca D’Anta caem como crina das montanhas, formando uma névoa de água que molha meu rosto. A sensação de frescor é revigorante e me sinto mais viva.
Que queda d’água magnífica! A Casca d’Anda, com seu esplendor, reflete a Tua grandeza e majestade.
Como não Te ver e Te contemplar diante da imensidão da Tua criação?
E retorno. Para fora do Cerrado. Para fora da selva de cores e de sons. Com o coração mais calmo. Com os pensamentos no lugar. E com o espírito transbordando em gratidão. Pela Sua Natureza, pelo Seu Amor e pela Sua misericórdia.
Reencontro-me comigo, com aquela que eu havia esquecido ser.
