Como sei que estou amando? Eu sei amar?

biancashimizu
5 min readMar 1, 2023

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Photo by Davi Moreira on Unsplash

O que é o amor? Não aquilo que achamos que é, mas o que realmente é? Se eu fosse descrever o que é o amor, usaria minhas próprias experiências humanas: Aquele frio na barriga quando se está apaixonado, a felicidade de estar junto da família, ser ajudado por um amigo num momento difícil da vida… o que mais? Eita! Não sei… Meu Deus, que dificuldade! Por quê? Por que não consigo descrever o amor? Porque estou confundindo o amor com um sentimento. Com felicidade. Então, se estou feliz, estou amando? Será mesmo?

Você já sentiu vontade de falar um “eu te amo” para alguém no calor e na emoção do momento, mas parou e pensou: “Será que realmente amo?”. Se não consigo definir o que é o amor, como saberei se amo? Mas se não tiver amor, nada serei. Serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine, como o apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios, no início do capítulo 13. Serei somente sons altos e ornamentais, vazios e sem significado.

Então, o que é o amor? Será que, mesmo não conseguindo encontrar as palavras certas, algum dia fui capaz de amar? Para entender isso, primeiro, preciso desassociar o que eu acho que é o amor do que ele realmente é. Não fui eu quem o inventei, como vou explicá-lo me baseando no que sinto e no que acho que sei sobre ele, se já entendi que sentir (e achar) não é amar?

O melhor lugar para se entender o que é o amor é na Palavra de Deus. Acredito ser importante entender também o que ele não é. Em Cânticos 8:7 está escrito:

“Nem muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem levá-lo na correnteza. Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua casa para adquirir o amor, seria totalmente desprezado.” Cânticos 8:7 (NVI)

Salomão sabiamente diz que nem muitas águas e nem os rios de correntezas são capazes de apagar o amor. O amor, quando nasce, não morre; não é arrastado para longe como na comparação com as águas do rio. O amor, apesar dos percausos da vida, das diferenças, das fraquezas e [insira aqui outros motivos mais que poderiam nos fazer desistir], não acaba. Além disso, ele não é comprável, mas recebido. Mas me pergunto, o que preciso fazer para ganhar um amor? Preciso fazer algo para merecê-lo?

Em 1 Coríntios 13, Paulo também nos traz o que é e o que não é o amor. Ele diz:

“O amor é paciente e bondoso. O amor não arde em ciúmes, não se envaidece, não é orgulhoso,
não se conduz de forma inconveniente, não busca os seus interesses, não se irrita, não se ressente do mal.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba.
Havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará.” 1 Coríntios 13:4–8 (NAA)

Este texto tem sido base das minhas meditações ultimamente, pois quando o leio, percebo realmente que não sei amar como a Palavra nos ensina. Mas há algo bom nisso, a Palavra me aponta àquilo que está errado em minha vida e é gerado um alerta em meu coração e logo converso com o Senhor: “Pai, eu achava que isso era amar, mas não é. Deus, me ensina a amar como o Senhor ama”.

É interessante que nessa passagem há muito mais frases de negação do que de afirmação sobre o que é o amor. E todas essas negativas nos conduz a entender que o amor não é egoísta, orgulhoso, ciumento, interesseiro, vaidoso, entre outras coisas. É aqui que vemos que o amor não é algo para nós, para o eu. É para o outro. Você não ama alguém para ter aquela pessoa para você, você ama para ser bondoso com ela. Você não ama alguém para que esta pessoa satisfaça os seus interesses, você ama para aprender a ser paciente. Você não ama para se vangloriar de algo, mas para sofrer, crer, esperar e suportar por este alguém. E ainda, Paulo finaliza dizendo que o amor jamais acaba.

Então amar não tem a ver comigo. Não tem a ver com uma satisfação pessoal, com possuir aquilo que se deseja ou com estar alegre o tempo todo. Isso é uma falsa ideia do amor, um amor romântico e idólatra vendido pelo sistema que vivemos. Por isso vemos que, quando essas sensações ou autorrealizações acabam, o “amor acaba”. O amor é a escolha de permanecer, nos melhores e piores momentos. Ele é uma decisão, independente do que se é oferecido, se é que há algo a ser oferecido, pois o próprio Salomão disse que ele não é comprável.

O amor, então, é a doação de um coração que entende que não há como permanecer somente em si. É sobre se fazer pequeno para que o outro seja visto. É sobre cuidar e abrir mão de si pelo outro. É sobre permanecer e não possuir. E é preciso haver a percepção de que há um erro na nossa forma de amar e assim, precisamos ser redirecionados a esta forma correta.

Há mais de nós no outro do que podemos imaginar. Deus, antes da criação da humanidade, já se relacionava com Jesus e o Espírito Santo desde a eternidade. Ele é um Deus relacional e vemos o transbordar do Seu amor em João 3:16, que diz:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16 (NAA)

Que Amor é esse que entrega seu próprio Filho para salvar aqueles que não o amam? Para salvar aqueles que nada tem a oferecer? Este é o Amor. Este Amor me constrange. Me faz querer vivê-lo e amar desta forma. Eu não mereço este Amor, mas Ele me alcançou pela graça e me mostrou que tenho amado errado. Mas há esperanças. Há tempo para se aprender a amar. Há graça suficiente para nos conduzir a este Amor, não só para com Deus, mas para com todas as pessoas.

Tenho aprendido a amar da melhor forma que posso hoje: Entregando meu coração a alguém que também está aprendendo a amar, e, apesar dos erros, escolho permanencer… Espero que escolha também. Me parece então que estou fadada a errar enquanto tento amar e, pela graça divina, a misericórdia de Deus me alcança todos os dias. E assim, haverá um tempo em que tudo será perfeito e não haverão mais erros no amar. Por enquanto, escolho permanecer…

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